Sobre a campanha de difamações e ameaças nucleada pela extrema direita contra o camarada Mauro Iasi: não recuaremos!

19/10/2015 20:52

Nos últimos dias, um articulista vinculado a uma organização de extrema direita iniciou uma campanha de difamação contra o camarada Mauro Iasi, o qual é um militante veterano do campo da esquerda brasileira, sendo conhecido e respeitado não só por nós comunistas do PCB mas também por militantes de diversas outras organizações e independentes por se tratar de um verdadeiro intelectual orgânico da classe trabalhadora. Esta campanha sórdida foi engrossada pelo deputado Jair Bolsonaro, pessoa que tem ganhado fama por proferir declarações homofóbicas, machistas, fascistas, entre outras características que ultrapassam em muito os limites da decência, entre as quais estão: "O erro da ditadura [militar brasileira] foi torturar, e não matar!", "Pinochet dev[er]ia ter matado mais gente!", "Não vou combater nem discriminar, mas se eu ver dois homens se beijando na rua vou bater! [sic]", "Mulher deve ganhar salário menor!", "O objetivo [da tortura] é fazer o cara abrir a boca, o cara tem que ser arrebentado para abrir o bico", "Não te estupro porque você não merece" (!!!), "Gayzice é falta de porrada!",etc.

Primeiro cabe elucidar para quem não o conhece: Quem é Mauro Iasi? Poderíamos dizer que Mauro Iasi é um professor, um educador de excelência, quer na educação básica, quer na educação universitária, quer na educação popular. Poderíamos dizer que também é pai, fato que a direita raivosa "defensora da família" parece esquecer por conveniência. Poderíamos dizer também que é um militante político desde a década de 70, porém nunca vislumbrando obter cargos e vitórias no "vale tudo" eleitoral, tendo se candidatado em 2006 (como candidato a vice-governador de São Paulo, na chapa de Plínio Arruda Sampaio) e em 2014 (como candidato a presidente) não como projeto pessoal, mas como tarefa do PCB; porém, fez muito mais política - no sentido da grande política - em prol do trabalhador e da trabalhadora que todos os políticos profissionais abençoados por gordos investimentos empresariais de campanha. Poderíamos dizer, outrossim, que é um grande poeta e artista, um disciplinado camarada, ou ainda um excelente palestrante que costuma dar deliciosas conferências.

Em uma destas conferências, proferida no 2º Congresso da CSP-Conlutas, central sindical na qual o sindicato de sua categoria - a de professores universitários - é filiada, no final de sua preleção o camarada leu o seguinte poema de Bertolt Brecht (1898-1956): 

Avança: ouvimos
dizer que és um homem bom.
Não te deixas comprar, mas o raio
que incendeia a casa, também não
pode ser comprado.
Manténs a tua palavra.
Mas que palavra disseste?
És honesto, dás a tua opinião.
Mas que opinião?
És corajoso.
Mas contra quem?
És sábio.
Mas para quem?
Não tens em conta os teus interesses pessoais.
Que interesses consideras, então?
És um bom amigo.
Mas serás também um bom amigo de gente boa?
Agora escuta: sabemos
que és nosso inimigo. Por isso
vamos encostar-te ao paredão. Mas tendo em conta os teus méritos
e boas qualidades
vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te
com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-te
com uma boa pá na boa terra.

Este poema, para os que escutaram a fala inteira do camarada, que o contextualizava, tinha um papel claro: ilustrar a hipocrisia - que chega a enganar a esquerda - dos cúmplices do fascismo, os quais seriam "bons". Alertava, portanto, contra a ilusão da colaboração de classes, contra a perspectiva moralizante da política, e pela necessidade de não subestimar a violência fascista. Não seria necessário dizer que poemas utilizam-se, entre outras alegorias, de metáforas, e são contextualizados no tempo em que são escritos. Entretanto, oportunisticamente, o vídeo recortado, onde se encontra a leitura isolada do poema, foi veiculado nas diversas redes sociais e consorciado com "memes" ultrajantes. O autor e os cúmplices desta engenharia social afirmaram que Mauro Iasi aberta e literalmente clamava pelo fuzilamento de todos os que não concordam com o comunismo, atitude cruel que seria típica de todo e qualquer comunista, com a evidente intenção de estigmatizar o nosso partido e promover uma guerra de contrainformação por meio de falácias. E assim, o camarada Mauro tem sido vilipendiado e ameaçado não só por uma corja de fascistas assanhados e "justiceiros de plantão" (os quais chegaram a dizer que matarão o camarada Mauro "por legítima defesa, afinal ele me ameaçou primeiro com sua espingarda"), mas também por uma massa de desavisados que engrossam o caldo dos crimes contra a honra.

Todo este acontecimento nos entristece. Todavia, como nada é binário, também nos deixa satisfeitos pelo fato de significar a concretização da excelente análise apurada de nosso camarada! E declaramos aqui que não recuamos, que todo o ataque desferido a qualquer um dos nossos serão respondidos na devida proporção necessária, e que fascistas não passarão!

Aproveitamos o ensejo, já que uma poesia deixou vários fascistas assanhados, disponibilizamos uma outra, desta vez de autoria do próprio Mauro Iasi:

Há hora de somar
E hora de dividir.
Há tempo de esperar
E tempo de decidir.
 
Tempos de resistir.
Tempos de explodir.
Tempo de criar asas, romper as cascas
Porque é tempo de partir.
 
Partir partido,
Parir futuros,
Partilhar amanheceres
Há tanto tempo esquecidos.
 
Lá no passado tínhamos um futuro
Lá no futuro tem um presente
Pronto pra nascer
Só esperando você se decidir.
 
Porque são tempos de decidir,
Dissidiar, dissuadir,
Tempos de dizer
Que não são tempos de esperar
 
Tempos de dizer:
Não mais em nosso nome!
Se não pode se vestir com nossos sonhos
Não fale em nosso nome.
 
Não mais construir casas
Para que os ricos morem.
Não mais fazer o pão
Que o explorador come.
 
Não mais em nosso nome!
Não mais nosso suor, o teu descanso.
Não mais nosso sangue, tua vida.
Não mais nossa miséria, tua riqueza.
 
Tempos de dizer
Que não são tempos de calar
Diante da injustiça e da mentira.
É tempo de lutar
 
É tempo de festa, tempo de cantar
As velhas canções e as que ainda vamos inventar.
Tempos de criar, tempos de escolher.
Tempos de plantar os tempos que iremos colher.
 
É tempo de dar nome aos bois,
De levantar a cabeça
Acima da boiada,
Porque é tempo de tudo ou nada.
 
É tempo de rebeldia.
São tempos de rebelião.
É tempo de dissidência.
Já é tempo dos corações pularem fora do peito
Em passeata, em multidão
Porque é tempo de dissidência
É tempo de revolução