Iniciam-se as propagandas políticas nas ruas: "Ao rico tudo é permitido"

06/07/2012 13:58

Propaganda vazia...As ruas das cidades assumem novas representações espaciais. Faixas, bandeiras, cavaletes móveis com rostos simpáticos, bonecos infláveis, e outros equipamentos de propaganda já começam a pipocar nos espaços públicos. "Tudo segundo o espírito democrático", dizem os candidatos da burguesia; "Desde que não atrapalhe o tráfego de pedestres, o direito de ir e vir das pessoas..." dizem alguns eleitores mais 'conscientes'.

O que vemos na prática é uma lógica perversa. Enumeremos inicialmente os motivos que não constituem o ponto nevrálgico da questão:

- em primeiro lugar, porque na prática - e qualquer pessoa que ande pelas cidades sabe disso - muitos dos cavaletes não são retirados no horário que a lei estipula, ficando a propaganda ostensiva lá no mesmo lugar "à bangu";
- depois, porque além disso, observamos que também na prática os mesmos cavaletes em grande parte atrapalham a locomoção das pessoas, não no caso de adolescentes e adultos saudáveis, mas a situação torna-se complicada quando o assunto são os idosos, deficientes visuais que se guiam por meio de bengala, alguém que utilize cadeira de roda ou muleta, ou empurre carrinho de bebê;
- os panfletos, emitidos às toneladas pelas gráficas, sujam toda a cidade e entopem bueiros e bocas de lobo; as músicas, apelidadas carinhosamente como jingles (graças ao imperialismo linguístico), incomodam o ouvido de todos com sua qualidade duvidável, porém grande poder de fixar o nome do candidato na cabeça das pessoas, quiçá no ritmo do Michel Teló...

Agora vamos aos motivos centrais. Ocasionando tais transtornos citados acima (poluições visual e sonora, bloqueio/dificuldade de passagem, sujeira, etc.), as propagandas são dos candidatos que possuem mais dinheiro (e que vão querer manter o status quo, é claro!) e/ou os que são apoiados por interesses privados que bancam a propaganda. E como sabemos, ninguém coloca uma moeda numa máquina sem postular escolher uma música ou uma lata de refrigerante em troca. Eis o "toma lá, dá cá". E tais candidatos, caso eleitos, vão lutar por quem? Pelo povo? Não, protegerão o capital, as empresas e empresários que bancaram ele. E eleitos como? Não por seu programa, mas por seu marketing pesado e ostensivo de modo a fixar seu nome na cabeça do povo. A imagem, a música e as cores dos panfletos tornam-se mais importantes do que as propostas, as competências, e as posições políticas.

Nas próprias campanhas vemos a luta de classes: o empresário rico ajuda o candidato com o dinheiro. E quem carrega o piano (ou seja, segura e chacoalha bandeiras, tira e coloca os cavaletes, pendura as faixas, distribuem panfletos)  é o jovem desempregado, a mulher desempregada, o morador da favela, do subúrbio, da palafita... Ou seja, os candidatos burgueses se aproveitam da estrutura que o próprio capitalismo cria para, através da exploração do homem pelo homem, chegarem/continuarem ao poder... Suas campanhas não são tocadas por militantes, mas por pessoas subempregadas que o fazem devido ao (pouquíssimo) dinheiro que recebem, são manipulados e tornam-se alienados de todo o processo eleitoral que existe, são desumanizados por serem tratados como um outro mero instrumento de propaganda.

Nós do PCB compomos um partido de militantes. Quem financia nosso partido são os próprios militantes e simpatizantes individuais, não recebemos qualquer dinheiro de empresas pois assim mantemos nossa independência política. Nas cidades em que possuímos candidatos, é o consentimento com nossas idéias - sobretudo a construção do poder popular - que faz o corpo de quem nos faz campanha, compensando nosso orçamento limitado com a gana por quebrar paradigmas, pelo novo, por conquistar mandatos realmente populares, que o povo trabalhador tenha cadeiras nos parlamentos. Nas cidades em que não lançamos candidatos, nosso apoio será destinado somente ao nosso arco de alianças tirado nos fóruns partidários, que assuma o compromisso abertamente de não aceitar dinheiro de empresas, e que se mostre comprometido a conquistar mandatos populares e não personalistas, sem "coligações matemáticas".

Tentaremos, de acordo com nossas limitações, aproveitar este processo eleitoral, que - apesar dos revezes supracitados - é quando a população mais discute política, para qualificar as discussões e tocar nos pontos que os tais candidatos mais queridos da mídia, de propaganda mais ostensiva, e de mais pontos nas pesquisas, não tocarão. Sempre no horizonte da luta de classes, aproveitando as fendas nas rochas do sólido estado burguês para erodi-lo como a água faz reagindo quimicamente aos minerais solúveis. O trabalho é longo e intenso, pois temos objetivos nada modestos. Afinal, somos o Partidão e honramos nossa história.