Reflexos de um modelo de cidade escolhido: a verticalização da especulação imobiliária de Santos

15/09/2015 20:30

Santos tem um histórico de densidade populacional bastante alta. Além disso, possui um solo pouquíssimo resistente, péssimo para construção de edifícios, o que resultou nos famosos "prédios tortos" da orla da praia. Para corrigir este problema, de cerca de 20 anos para cá muitos prédios foram levantados através de grandes "macacos", e sob eles refeitas fundações mais profundas.

Apesar de todo o alarme, a especulação imobiliária pressionou para que se construísse no município cada vez mais prédios, e estes cada vez mais altos: e vieram as torres empreendidas pelo Sr. Armênio Mendes na Ponta da Praia (como não se lembrar do bizarro polvo na fachada?), as do Morro da Nova Cintra que ameaçam a existência da Lagoa da Saudade, e muitos outros edifícios.

Com a febre do "pré-sal", a nova epeculação imobiliária sentiu a necessidade de novos edifícios. Não só prédios de três andares foram demolidos para darem espaço à edifícios muito maiores, mas até mesmo áreas para além da "linha da máquina", formada essencialmente por casas térreas e sobrados geminados, como é o caso da Vila Belmiro, Vila Matias, e até mesmo Macuco, estão sendo invadidas por edifícios de mais de dez andares. Na prática, o que ocorre é que uma área que possuía quatro ou cinco famílias, agora possui dezenas delas morando empilhadas em apartamentos, ou centenas de pessoas em estabelecimentos comerciais, significando muito mais produção de esgoto numa mesma área, numa mesma infraestrutura de encanamento que antes servia a muito menos pessoas. Eis o resultado fotografado na Rua Dr. Antonio Bento, na Vila Mathias, sendo que os dois afloramentos de esgoto têm menos de 10 metros de distância um do outro:


Foto: Felipe Queiroz


Foto: Felipe Queiroz

O que se pode ver é as consequências de uma rede de esgoto supersaturada, graças à verticalização desenfreada - a qual, diga-se de passagem, é abençoada pelo atual governo municipal. Tais efeitos muito mais perceptíveis em áreas ainda mais periféricas. Enquanto Santos for governada em prol do grande capital, representado neste texto pelo capital imobiliário, o qual pede cada vez maior verticalização, mais acontecimentos como estes acontecerão. Consequentemente, a saúde e o bem estar da população diminuirão, e o lucro dos empreiteiros "vai bem, obrigado".