UNIFESP-BS: É ou não é piada de salão? Criminaliza as lutas, e arrega para a opressão!

07/08/2015 17:34


Combater o racismo, construir o socialismo!

Chegamos a escrever sobre um triste acontecimento ocorrido no mês de novembro de 2014, o qual está detalhadamente narrado aqui, expondo toda a contextualização de injustiças e opressões, a qual não repetiremos neste texto. Acertamos no título "Quando você acha que está ruim, pode piorar muito mais", infelizmente. Infelizmente, pois existem certas análises sobre as quais preferimos errar, mas acertamos pois a atualidade confirmou o título. O texto serviu não só como um relato, mas também como uma moção de apoio a todos os que lutam, repudiando práticas reprováveis por parte da então diretora do campus Profª. Regina Spadari, agora ex-diretora (da qual a atual, Profª. Sylvia Batista, recém empossada por chapa única, era sua vice e atuava como frontband na maioria dos eventos sociais), assim como de parte do segmento docente e um discente em particular.

Para a surpresa de alguns estudantes, em pleno recesso de aulas, sete estudantes da UNIFESP - seis deles da graduação em Serviço Social, e uma da graduação em Educação Física - receberam uma intimação da Polícia Federal convocando-os a depor "a fim de prestar esclarecimentos no interesse da justiça" [sic] devido a um inquérito aberto pela Profª. Regina, o qual acusa estes estudantes de depredação do patrimônio público, desacato, injúria, e difamação. Pois bem, não é de nossa intenção expor minunciosamente incoerências nas acusações da Srª. ex-diretora novamente, mas cabem questionamentos:

  • por quê as duas estudantes que sofreram racismo em novembro estão entre os sete processados?
  • por quê os outros cinco estudantes, reconhecidos como protagonistas de diversas atividades do movimento estudantil, foram literalmente "pinçados" para o processo, quando a própria ex-diretora já reconheceu que não sabe quem foi o sujeito da pixação na porta?
  • e, por fim, cadê a opinião pública da atual diretora perante ao caso?

Para nós, a intenção é clara: calar os que se indignam para abafar as ganas de indignação que estão vindo e por vir.

Mas nos cabe explanar um pouco sobre a acusação de "desacato", artigo 331 do Código Penal, que consiste em desrespeitar um servidor público em sua função ou em razão dela, e a de "difamação", artigo 139 do mesmo código, que consiste em difamar algúem imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Na realidade, o que vemos na UNIFESP é que a ex-diretora sempre pareceu confundir o campus com um quintal de casa: um exemplo emblemático foi o início do primeiro semestre letivo de 2013, marcado por profissionais da segurança pedindo ostensivamente crachás para a entrada de estudantes, fazendo a UNIFESP não parecer uma faculdade particular somente porque faltava as catracas; as salas de aula eram trancadas, e só abertas no horário de aula, demonstrando uma visão turva do que é uma universidade pública, ignorando que os processos de ensino e aprendizagem se dão de maneira autônoma, e para além do "lousa e cuspe" restrito ao horário de aula, além do próprio caráter público da universidade. Nada destas iniciativas era dialogado com a comunidade universitária, simplesmente vinha de cima o "cumpra-se" de ordens mais esdrúxulas e estapafúrdias. Por outro lado, o elevador deixou de funcionar por anos, quando temos vários estudantes e professores com mobilidade reduzida, estudantes da modalidade "Universidade Aberta da Terceira Idade" (UATI), entre outros que necessitam meios de locomoção de um andar para outro que não os degraus. Aliás, a UNIFESP tragicamente chegou a lançar comunicado alertando que o elevador não funcionava (ainda!) e que as pessoas com deficiência física deveriam dirigir-se para o 2º andar (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!) para fazer um procedimento de reclamação. Isto num campus teoricamente da área de saúde, que possui cursos como Terapia Ocupacional e Fisioterapia!!!

Portanto, que moral têm uma diretora autoritária; que não só deixa de punir opressores como também oprimiu; que conforme relatado acima não segue os princípios da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, e da eficiência na administração pública; e que por outro lado não poupa esforços para perseguições contra lutadores sociais mas também contra oprimidos; em querer falar de desacato? Como não querer ser criticada por um ato de racismo, por vários atos políticos que tomou como gestora, e pelas prioridades escolhidas - a de, por exemplo, não demonstrar qualquer operância com relação a um elevador, entretanto enfatizar eficiência inconteste em perseguições políticas?

Oras, se criticar tais posturas caracterizam desacato e/ou difamação para os melindres diretorais, então não tenhamos vergonha em desacatar e difamar. Pois RACISTAS NÃO PASSARÃO!

Conclamamos a todos os que lutam para o apoio aos estudantes depoentes, a iniciar no dia 12 de agosto (quarta-feira) às 10:00, e 13 de agosto (quinta-feira) às 08:30, exatamente meia hora antes dos depoimentos. Maiores informações, contatar o Centro Acadêmico Livre de Serviço Social "Ricardo Ferreira Gama" (CARFG).

 

Partido Comunista Brasileiro  (PCB)
Comitê Municipal de Santos-SP